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O ordinário do cotidiano nos rouba o olhar sobre as belezas da vida.
Desde que nos mudamos para um bairro próximo da praia escolhemos ir e voltar do trabalho pela Avenida Litorânea a fim de contemplar o belo cenário que ela proporciona.
O mar... ah, aquele mar... (Nosso mar não é azul ou verde, mas tem sua beleza particular). A larga faixa de areia, navios no horizonte, dias de sol, dias nublados, dunas cobertas de vegetação, dias de chuva, dias de céu azul, vez ou outra – nuvens, pôr do sol, kitesurfers, caminhantes... todos os dias um cenário pleno de belezas.
Mas, quase dois anos se passaram e toda a beleza se tornou ordinária.
Os olhos que antes a enxergavam, agora apenas a veem.
O mar tornou-se apenas um mar.
Porém, vez ou outra ele se revolta e se agita reclamando a atenção que antes a ele se dedicara e, diga-se de passagem, muito merecida.
Nestes dias ele se torna extraordinário e avança como se quisesse alcançar a Avenida e seduz os olhares transeuntes com seu balé de ondas. E vence.
Nestes dias - e em dias seguintes - os olhos voltam a enxergar a plenitude da beleza escolhida para contemplar e o mar reina com toda a sua majestade até que os olhos se esvaiam novamente pelo comum.
E fica-nos o desafio cotidiano de esforçarmo-nos a não esperar para contemplar o extraordinário e dedicarmo-nos a apreciar todos os dias o implícito no ordinário, porque lá nossos olhares reencontrarão muitas belezas.
Por: Tereza Cantanhêde
(imagens: acervo pessoal)